José Paulo Fafe

Uma fraude chamada Ramos Horta

QUANDO HÁ dias o vi esparramado no  sofá de napa do modesto “salão VIP” do aeroporto de Bissau, veio-me à lembrança aquele velho ditado do “criminoso volta sempre ao local do crime“. Parecia um nababo, quase que explodindo de vaidade, rodeado de algumas pessoas que aparentemente lhe bebiam as palavras como se doutas e sábias se tratassem. Falo de José Ramos Horta, possivelmente uma das maiores fraudes políticas que surgiram nas últimas décadas e que os nossos media – quase sempre inocentemente, reconheça-se… – alcandoraram a um estatuto para o qual não possui méritos, virtudes ou currículo.
E “o criminoso volta sempre ao local do crime“, porquê? Porque me lembrei que praticamente há dez anos, também em Bissau, o mesmo Ramos Horta tinha-me confessado a sua indignação pela forma como tinham decorrido as eleições que tinham dado a vitória ao PAIGC, então já de Carlos Gomes Júnior, um negociante que tinha tomado o lugar dos históricos e dos combatentes daquele que foi o mais estruturado movimento independentista da chamada África portuguesa: “Isto que se passou não foram eleições, foi uma verdadeira fraude“, dissera-me ele – a mim e ao Jorge Lemos Peixoto, um ou dois dias depois dos guineenses terem ido às urnas. Qual não foi o nosso espanto quando, poucas horas depois, o mesmo Ramos Horta, na sua qualidade de, salvo erro, chefe da delegação da CPLP aquelas eleições guineenses, desdobrava-se em declarações públicas elogiando a forma como tinha decorrido o acto eleitoral… Confesso que a atitude de Horta (personagem que eu conheço desde inícios dos anos 80) não me surpreendeu, até porque dias antes ele tinha passado parte de uma viagem entre Lisboa e Bissau a dizer-me o pior (mas aqui o pior é mesmo o pior…) de Xanana Gusmão e uns meses antes tinha assistido em Madrid a um dos episódios de um rocambolesco folhetim relacionado com a emissão de selos para a então futura República Democrática de Timor-Leste e onde um generoso (sublinho o “generoso”…) Albertino Figueiredo ainda hoje deve estar arrependido de ter confiado na palavra de alguém que lhe prometera o que semanas mais tarde entregou de mão beijada aos australianos.
E é este mesmo Ramos Horta, exactamente o mesmo que há dez anos tinha, em poucas horas, “validado” umas eleições que rapidamente passaram de “fraude” a “exemplares”, que hoje lidera a missão das Nações Unidas num país que, à mercê dessas repentinas e estranhas mudanças de opinião, viu serem assassinados, entre outros, um chefe de Estado, dois chefes militares e uma mão-cheia de responsáveis políticos. Alguém a quem falta vergonha, que sobra descaramento e a quem a ambição norteia e preside aos seus estados de alma. É a este mesmo Ramos Horta que a chamada “comunidade internacional” (que é uma entidade vaga, inócua e que ainda ninguém entendeu bem o que de facto representa) confiou a sua representação num país que merecia certamente quem melhor e de forma mais isenta zelasse pelos seus interesses. É este Ramos Horta que, do alto de uma legitimidade mais do que duvidosa e que lhe advém de um cargo burocrático surripiado nos corredores das Nações Unidas, armado em “vice-rei” tenta pôr e dispôr do futuro de um povo ainda sujeito aos ardis, manhas e golpadas de quem apenas pretende dar largas ao seu imenso e injustificado ego.
Sejamos claros: enquanto a Guiné-Bissau estiver sujeita a quem pouco ou nada se  interessa com o bem comum de uma comunidade ávida de paz e tranquilidade, o seu futuro está hipotecado. E Ramos Horta não está lá para isso, bem antes pelo contrário. A sua estada em Bissau apenas serve para fazer os fretes que ele acha que lhe darão jeito a uma carreira internacional que ele pensa ainda poder ser auspiciosa e preparar uma “reforma” cómoda e segura. E amanhã, se as coisas voltarem à cepa torta, acreditem que o primeiro a fugir com o rabinho à seringa e a clamar a sete-ventos que nada teve a ver com a evolução das coisas será este “artista” de meia-tijela, mas que à conta das suas manhosices até já abichou (a meias, mas abichou…) um prémio Nobel da Paz. Como dizia o outro, o mundo está (de facto) perigoso!

5 ComentáriosDeixe um comentário

  • Carissimo José Paulo Fafe, não posso estar mais de acordo consigo sobre este grande gangster.
    Todavia dada a sua grande experiência. gostaria de ver resolvida uma grande duvida que me atormenta. Quando foram feitas as eleições em Timor, foi aqui perto da minha casa no Jardim Constantino, onde os Timorenses residentes em Portugal votaram. Todos muito bêbados, muito feios mas disso não têm culpa, ordinários ofendendo todas as mulheres que por eles passavam e batendo ainda em algumas pessoas. Uma lástima que nem queria recordar. Mas a minha duvida prende-se com o facto dos Timorenses em Timor serem todos funcionários públicos a quem o Estado Indonésio pagava os salários, até surgir a tal Independência. Nessa altura eles recusavam votar sem lhes pagarem o salário. Dizem, mas não tenho provas que o GUTERRES MANDOU 2 BARCOS CARREGADOS DE DINHEIRO, num ia um tal Marques, noutro o Dom Duarte Nuno. Essa ENORME QUANTIA DE DINHEIRO, nunca entrou nas contas públicas e parece que quando a UE exigiu que o Teixeira dos Santos reunisse todas as dividas como o a da venda das dividas do Fisco ao CITY BANK negociação de Ferreira Leite. Mas esta estava devidamente contabilizada embora à parte, mas da de TIMOR ninguém sabe nada. Será que foi mesmo assim?. Obrigada pelo se possível esclarecimento pois este assunto nunca mais saiu da minha cabeça e ainda mais quando a exploração do petróleo foi entregue aos Australianos, que foram os verdadeiros beneficiário desta trapalhada

  • O dinheiro enviado seria em Dólares USA ou ainda em escudos? como foi o Guterres talvez ainda em escudos!

    É uma dúvida que me assalta…

  • Tanto disparate a propósito de um post acutilante e que não deixa margem para dúvidas quanto ao carácter e personalidade de alguém que não passa de um tratante da pior espécie – Ramos Horta. Parabéns, João Paulo!

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