
Depois da vergonha “irrevogável” da demissão, Paulo Portas remodelou-se como O Homem que Vai a Reuniões Importantes. Sem tempo para minudências como o prometido “guião” da reforma do Estado, nem para fazer o luto da sua anterior encarnação: o paladino dos pobres e reformados.
Afinal, depois de tantos anos agarrado ao poder, de que obra pode o pavão Portas ufanar-se? Resmas de fotocópias? À memória assomam submarinos, Pandurs, sobreiros, casinos, SIRESP. Nem uma só sílaba meritória, atenuante.
Soube-se há dias que este pendura da nossa democracia colocou as poupanças a salvo num banco estrangeiro, mal soube do que aí vinha – fosse o bom do Relvas a ser apanhado nesta e tê-lo-iam grandolado até em casa. Mas “ser apanhado” é expressão descabida: Portas nem esconde estas coisas. Lembram-se do acidente com o Jaguar da Moderna, já bem a meio do escândalo? Ele não quer saber. Julga-se tão intangível e inalcançável quanto Jacinto Leite Capelo Rego, fantasma célebre e financiador do PP. É bem capaz de ter razão.“
Luís Rainha
“i”, 18.09.2013