A DECISÃO de Cavaco Silva em afastar um dos seus principais colaboradores e que com ele trabalhava há quase um quarto de século só surpreenderá quem não tem acompanhado o percurso do actual Presidente da República desde que surgiu na cena política, no início dos anos 80.
Cavaco Silva sempre foi useiro e vezeiro na chamada “política do kleenex”, ou seja, no que vulgarmente se denomina por “usar e deitar fora”. Entre valores e interesses pessoais, Cavaco jamais hesitou, optando sempre pelos últimos em detrimento do que mais nobre possui a política enquanto arte – a gratidão e a solidariedade. Desde que surgiu na cena política, Cavaco nunca hesitou em “deixar cair” quem pudesse (nem que fosse ao de leve…) comprometer as suas ambições. Sucedeu, por exemplo, com ministros como Miguel Cadilhe, Jorge Braga de Macedo e até Leonor Beleza, a quem na primeira oportunidade apontou a porta de saída dos seus governos; com Fernando Nogueira, que durante mais de uma década “ofereceu o corpo às balas” como seu “número dois” e a quem desmentiu publicamente uma semana antes das eleições que opunham este a António Guterres; com Pedro Santana Lopes, a quem como artífice da sua ascensão ao poder na Figueira da Foz deve em grande parte a liderança do PSD e contra quem não hesitou em alinhar numa campanha há muito não vista no nosso País quando este ocupava o cargo de primeiro-ministro; e até mesmo com Durão Barroso a quem, em 2001 e poucas semanas antes das eleições que haviam de conduzir ao poder o actual presidente da Comissão Europeia, foi incapaz de publicamente prestar apoio.
Agora foi a vez de Fernando Lima e, por arrasto, da sua amiga Manuela Ferreira Leite que na noite do próximo domingo e a confirmarem-se as expectativas sobre o que será um discreto resultado eleitoral bem pode responsabilizar Cavaco Silva por esse mesmo score. Mais uma vez, usando de um calculismo que lhe poderá vir a sair bem mais caro do que poderá supor, o actual chefe de Estado “sacrificou” colaboradores e amigos, sempre em nome de uma estratégia e ambição pessoais que começam a ser vistas com profunda desconfiança até mesmo por quem com ele sempre esteve.
Cavaco Silva tem de entender que teve a sorte de “estar no sítio certo no momento certo”: por exemplo, quando Sá Carneiro convidou Loureiro Borges para seu ministro das Finanças e este recusou, indicando-o para o lugar; quando, na Figueira da Foz, o seu partido suspirava por alguém alguém que fosse contraponto de uma liderança débil como tinham sido as de Balsemão, Mota Pinto ou Machete; quando se apresentou ao País após três anos e meio de um “bloco central” que deixou os portugueses praticamente em depressão; quando os cofres europeus se abriram de par em par, estando ele em S.Bento. E ao mesmo tempo tem de entender, de uma vez por todas, que “estar no sítio certo no momento certo” não implica necessariamente “ficar na História”. Para isso, é necessário lutar por algo, sacrificarmo-nos, possuir e privilegiar valores – não bastando usar e abusar de um calculismo que tem tanto de frio e cínico como de serôdio e provinciano. É isso que diferencia um Cavaco Silva de um Mário Soares, de um Sá Carneiro, de um Francisco Salgado Zenha, de um Adelino Amaro da Costa ou de um Ramalho Eanes, por exemplo. É é por isso que enquanto uns possuiem dimensão e “mundo”, outros nunca deixarão de ser umas aplicadas e certinhas personagens a quem não se lhes conheceu um rasgo ou um pensamento minimanente brilhante durante toda uma vida…
Cavaco Silva sempre foi useiro e vezeiro na chamada “política do kleenex”, ou seja, no que vulgarmente se denomina por “usar e deitar fora”. Entre valores e interesses pessoais, Cavaco jamais hesitou, optando sempre pelos últimos em detrimento do que mais nobre possui a política enquanto arte – a gratidão e a solidariedade. Desde que surgiu na cena política, Cavaco nunca hesitou em “deixar cair” quem pudesse (nem que fosse ao de leve…) comprometer as suas ambições. Sucedeu, por exemplo, com ministros como Miguel Cadilhe, Jorge Braga de Macedo e até Leonor Beleza, a quem na primeira oportunidade apontou a porta de saída dos seus governos; com Fernando Nogueira, que durante mais de uma década “ofereceu o corpo às balas” como seu “número dois” e a quem desmentiu publicamente uma semana antes das eleições que opunham este a António Guterres; com Pedro Santana Lopes, a quem como artífice da sua ascensão ao poder na Figueira da Foz deve em grande parte a liderança do PSD e contra quem não hesitou em alinhar numa campanha há muito não vista no nosso País quando este ocupava o cargo de primeiro-ministro; e até mesmo com Durão Barroso a quem, em 2001 e poucas semanas antes das eleições que haviam de conduzir ao poder o actual presidente da Comissão Europeia, foi incapaz de publicamente prestar apoio.
Agora foi a vez de Fernando Lima e, por arrasto, da sua amiga Manuela Ferreira Leite que na noite do próximo domingo e a confirmarem-se as expectativas sobre o que será um discreto resultado eleitoral bem pode responsabilizar Cavaco Silva por esse mesmo score. Mais uma vez, usando de um calculismo que lhe poderá vir a sair bem mais caro do que poderá supor, o actual chefe de Estado “sacrificou” colaboradores e amigos, sempre em nome de uma estratégia e ambição pessoais que começam a ser vistas com profunda desconfiança até mesmo por quem com ele sempre esteve.
Cavaco Silva tem de entender que teve a sorte de “estar no sítio certo no momento certo”: por exemplo, quando Sá Carneiro convidou Loureiro Borges para seu ministro das Finanças e este recusou, indicando-o para o lugar; quando, na Figueira da Foz, o seu partido suspirava por alguém alguém que fosse contraponto de uma liderança débil como tinham sido as de Balsemão, Mota Pinto ou Machete; quando se apresentou ao País após três anos e meio de um “bloco central” que deixou os portugueses praticamente em depressão; quando os cofres europeus se abriram de par em par, estando ele em S.Bento. E ao mesmo tempo tem de entender, de uma vez por todas, que “estar no sítio certo no momento certo” não implica necessariamente “ficar na História”. Para isso, é necessário lutar por algo, sacrificarmo-nos, possuir e privilegiar valores – não bastando usar e abusar de um calculismo que tem tanto de frio e cínico como de serôdio e provinciano. É isso que diferencia um Cavaco Silva de um Mário Soares, de um Sá Carneiro, de um Francisco Salgado Zenha, de um Adelino Amaro da Costa ou de um Ramalho Eanes, por exemplo. É é por isso que enquanto uns possuiem dimensão e “mundo”, outros nunca deixarão de ser umas aplicadas e certinhas personagens a quem não se lhes conheceu um rasgo ou um pensamento minimanente brilhante durante toda uma vida…
Concordo plenamente. Excelente artigo de opinião.
Na verdade o homem é “árido”. Melhor dito, “seca tudo à sua volta”.
http://infamias-karocha.blogspot.com/