DE REPENTE o País “descobriu” que os seus políticos não possuem dimensão e mundo, que já não existem os Soares, os Sá Carneiros, os Zenhas, os Amaros da Costa ou os Cunhais de antanho, que às mais recentes “fornadas” de dirigentes políticos lhes falta o peso e a “chama” de quem, nos anos 70 e 80, foi protagonista da nossa cena política! Verdade seja dita que não somos caso único… Peçam, por exemplo, a um francês para comparar Sarkozy a Mitterrand; a um alemão para optar entre Brandt ou mesmo Kohl e a chancelerina Merkl; a um espanhol para encontrar semelhanças entre González e Zapatero ou Suárez e Rajoy; a um italiano para escolher entre (apesar de tudo…) Andreotti e Berlusconni – e aposto que o resultado será o mesmo e um certo “saudosismo” imperará por essa Europa fora, independentemente das preferências políticas de cada um.
Mas desenganem-se os que pensam que este fenómeno é recente, que apenas nos últimos anos é que alguma genialidade possa ter dado a alguma mediocridade. Trocando por miúdos: não me venham dizer que esta nova fase começou agora, com a ascensão ao poder dos Sócrates, dos Seguros, dos Passos Coelhos, dos Marques Mendes, das Ferreiras Leite ou dos Jerónimos de Sousa e que se resume a quem, nos últimos anos, conduziu os destinos dos nossos principais partidos Não, isto vem de trás, lá muito de trás! E quem tiver tido a paciência para ler a longa e desinteressante entrevista que Jorge Sampaio deu ao “Expresso” no último fim-de-semana perceberá bem que esse “ciclo” não é de agora, revelou-se bem desde os tempos em que Belém deixou de ser ocupada por alguém – que concorde-se ou não com a sua actuação e ideias – possuía um percurso e vida próprios para dar lugar a um vulgaríssimo cidadão, a quem, para além do ar “abrishtalhado” e de uma actividade académica onde se destacou politicamente mas conseguindo sempre “passar entre os pingos da chuva”, nunca se lhe conheceu uma ideia que fosse. Ao longo da sua (penosa) passagem pela Presidência da República, Sampaio foi o paradigma do lugar comum e demonstrou uma triste avareza de espírito, por vezes disfarçada por uns enigmáticos e palavrosos discursos que, depois de “espremidos”, se resumiam a uma vulgaridade de pensamento próprio de quem nada tem e sabe dizer. Jorge Sampaio (e que me desculpem alguns amigos que por ele possuem estima…) é uma daquelas personagens em que o nosso País é pródigo em gerar – enfatuados, palavrosos, chatos e que se têm, a si próprios (coitados…), em grande conta. Como diz um amigo, muito dado à linguagem castrense, Sampaio é useiro e vezeiro em dizer “generalidades e culatras“.
Estimado Zé Paulo
Antes de mais um Bom Ano Novo com muita saúde.
Li com atenção o que escreves e concordo. Antes os políticos tinham vontade de mudar o Mundo, agora têm vontade de mudar as offshore.
Mas Sampaio não é só chato.
É muito mais que isso e para muitos como eu, o culpado mor de este descalabro de “ditadura sócrates” que nos passou a dívida pública de 80 mil milhões que Pedro Santana Lopes herdou de 16 anos de Socialismo, para 240 mil milhões em menos de 5 anos.
Cavaco foi o amigo da onça com artigos parvos mas quem matou a democracia com uma maioria estável absoluta na AR foi Sampaio com aquele golpe rasca e baixo contra o Governo PSD/CDS da época.
Isso torna-o num político perigoso.
Eu vejo-o assim.
Um abraço
Post oportuno, com a vantagem de situar, no espaço e no tempo, o momento em que começou a “queda” da democracia. Por outras palavras:
“Políticos” a brincarem à política com a política.