PARECE TER causado grande frisson o artigo que fez capa da revista do “Expresso” desta semana e onde são revisitados cerca de 800 textos de Paulo Portas enquanto director do semanário “O Independente”. Por muito estranho que possa parecer a quem faz o favor de seguir este blogue e conhece a minha opinião sobre o actual “número três” do governo, pouco ou nada me interessa o que há vinte e tal anos o jovem Portas pensava e escrevia sobre o poder, a política e os seus actores. Em primeiro lugar, porque me lembro perfeitamente dos ditos escritos; em segundo, porque admito que, em certos assuntos e em relação a certas pessoas, a criatura em causa possa ter mudado de opinião; e em terceiro e último lugar porque acho o artigo do semanário que já foi da Duque de Palmela como um exemplo claro e indesmentível do que é o chamado “jornalismo preguiçoso” e como este substituiu o trabalhoso, difícil e complexo jornalismo de investigação que em Portugal já produziu peças notáveis – não tantas como nos quiseram fazer crer, mas ainda assim algumas…
Em vez de me recordarem as “velhas” opiniões do nosso ministro dos Negócios Estrangeiros sobre o actual Presidente da República (que ele na altura, pelos vistos, achava “merecer um estalo”) e seu cônjuge ou, por exemplo, até sobre o dr. Barroso, eutinha preferido mil vezes que o “Expresso” me tivesse explicado timportimtim coisas muito mais sombrias e aparentemente mais complexas do percurso político-profissional do dr. Portas e até coisas se calhar bem mais simples, como por exemplo as razões que o levavam naquele época do apogeu cavaquista e que ele tanto abominava a poupar alguns dos seus próceres, caso por exemplo do dr. Dias Loureiro, o tal que era “o ministro mais desperdiçado” dos governos de Cavaco Silva. Tinha sido bem mais interessante. Mas também mais difícil, eu sei – não bastava ter passado uns dias na Hemeroteca…