HÁ DOIS ou três dias alguém se lembrou de dizer a Rui Machete que fizesse “prova de vida”. É que, tirando uma silenciosa e comprometida presença na bancada do governo aquando da última presença de Passos Coelho no parlamento, o ministro dos Negócios Estrangeiros tinha pura e simplesmente eclipado-se, supõe-se que a banhos em S. Martinho do Porto. Verdade seja dita que a ausência na prática de Machete das lides governativas não aquece nem arrefece, dado o seu estatuto de “verbo de encher” que ocupa na orgânica do executivo e que ficou bem explícito quando equipa de secretários de Estado do MNE e a composição do seu próprio gabinete foi – tudo – praticamente escolhido à sua revelia… E então o que é que foi preciso inventar para que Machete desse um ar da sua graça? A primeira foi a de uma “súbita interrupção de férias” para reunir com os seus homólogos europeus de discutir a crise no Egipto, tema esse, claro, sobre o qual a União Europeia não se atreveria a tomar posição sem escutar a douta e sábia opinião do dr. Chancerelle! Mas não chegava, até porque ninguém o levou muito a sério – ao ministro e à indispensabilidade da sua presença nos aerópagos europeus. Então e agora? Fácil… Pôr o ministro a desmentir-se a si próprio. Exactamente, é o que estão a ler: desmentir-se a si próprio! Mesmo correndo o risco de lhe chamarem xexé ou outra coisa qualquer, lá veio dizer que afinal e contrariamente ao que tinha afirmado ao “Público” há duas ou três semanas, tinha comprado acções da SLN a 2,2 e não a um euro. Pena foi que não tivesse aproveitado para ver se encontrava algum documento nos seus arquivos que, de forma “insofismável“, dissipasse a “nuvem” que o persegue e que tem a ver com a “coincidência” de ter aceite ser presidente do Conselho Superior do BPN algum tempo depois de ter presidido à comissão parlamentar que ilibou Oliveira Costa das acusações de favorecimento na concessão de perdões fiscais a algumas empresas da região de Aveiro. Ou então que pusesse na ordem o antigo embaixador norte-americano Everett Ellis Briggs que, numa recente entrevista ao jornal “i”, ao mesmo tempo que recordava algumas tropelias ocorridas na FLAD durante os seus mandatos enquanto presidente, lhe mandou uns “recados” bem pouco diplomáticos…