A PRIMEIRA vez que comecei a perceber quem era Edson Athayde e de que “massa” era feito, foi há muitos anos quando, num vôo entre São Paulo e Salvador, peguei num exemplar do já desaparecido magazine brasileiro “República” e deparei-me com uma entrevista à personagem em questão que, diga-se de passagem, ainda hoje é praticamente desconhecido no próprio meio publicitário do seu país. A surpresa, incredulidade e gozo (porque não reconhecê-lo, também?) por muitas afirmações que o publicitário então proferia foram de tal ordem que tive o cuidado de guardar o jornal e, regressado a Lisboa semanas mais tarde, oferecê-lo a uma amiga jornalista que não conseguiu resistir a dedicar-lhe uma página do jornal que dirigia. Se a memória não me falha, uma das “pérolas” com que Athayde brindava os leitores do magazine brasileiro era qualquer coisa como isto: “Quando dei a vitória a Guterres nas eleições em Portugal, entrei na reunião do Conselho de Ministros e todos os ministros levantaram-se a aplaudir-me“…
Alguns anos depois, durante a campanha eleitoral que confrontou Pedro Santana Lopes a João Soares para a Câmara Municipal de Lisboa, Athayde estava ainda nos píncaros da fama e da glória por terras lusitanas e resolveu surgir, célebre e de dedo em riste, qual farol da ética e da deontologia, a acusar publicamente um seu colega de profissão e compatriota de plagiar uma velha campanha publicitária da marca paulista de bicicletas “Calói”. Embora a “guerra” não fosse comigo e se calhar porque tenho mau-feitio, lembro-me que na altura não resisti e escrevi um artigo para o extinto semanário “Euronotícias”, onde resolvi “desencantar” a campanha que Duda Mendonça tinha, em 1990, concebido e produzido para Paulo Maluf, quando este ganhou as eleições para governador de São Paulo a Luiz Antônio Fleury – exactamente a mesma campanha gráfica (e não só…) que Athayde tinha plagiado, ou melhor copiado descaradamente, em 1995 e “vendido” ao Partido Socialista e António Guterres como se de uma criação sua se tratasse.
Longe de Portugal, tenho assistido agora ao “folhetim” do regresso deste verdadeiro “artista” ao PS e à criação publicitária destinada a campanhas políticas – sim porque isso é uma coisa, marketing político é outra totalmente diferente. E mesmo longe, com pouca informação, já percebi que Athayde é francamente melhor a “copiar” que a “criar”. Se a “copiar”, a criatura ainda pode acertar, a “criar” é um desastre total. Se o outdoor do sol ou lá o que é aquilo chega a ser confrangedor, este último que fala dos “5 anos de desemprego” e remete na prática para um governo socialista é mais do que justa causa para ser posto porta fora do Largo do Rato. E desta vez nem vai dar para inventar os aplausos de ninguém… Pode dar-se por sortudo se, em vez de um pontapé nos fundilhos, fiquem apenas por pateá-lo…
Se o senhor Athayde fosse bom naquilo que faz ainda estava em Portugal?
O proprio PS ja desmentiu que estes Outdoors sejam do EA.
Tem toda a razão, já desmentiu. Mas não invalida tudo o que contei acerca desse senhor, desde a entrevista ao jornal brasileiro até ao plágio da campanha de Paulo Maluf. Ou seja, a única coisa no meu texto que pode estar “a mais” é o antepenúltimo parágrafo. Desconsidere-o pois, por favor…
Cumprimentos,
ZP