OS ADVOGADOS de José Sócrates resolveram ontem fazer a indispensável “prova de vida” após a derrota em toda a linha sofrida há semanas, tanto na Relação como no Supremo e de um “desaparecimento em combate” que se prolongava quase há um mês. Vai daí, a dupla João Lisboeta Araújo e Pedro Delille, certamente já esquecidos das lamentáveis e penosas cenas feitas recentemente à porta do Supremo Tribunal de Justiça pelo primeiro deles, convocaram a famosa “canzoada” e organizaram uma inopinada conferência de imprensa cujo interesse noticioso foi de tal ordem que, ao fim de alguns minutos, todas as televisões (sem excepção, note-se…) regressaram com a emissão aos estúdios e nos serviços noticiosos que imediatamente se seguiram concederam-lhe tanta importância que a colocaram num lugar claramente subalterno no alinhamento. Foi o que se chama um verdadeiro “flop” a todos os níveis, só confirmando o que há muito já se percebeu: sob pena de somar derrota sobre derrota, Sócrates precisa urgentemente de encontrar outra estratégia de defesa e outros protagonistas… O desnorte da dupla Araújo&Delille foi de tal ordem que, além de entrarem num indescritível e surrealista “bate boca” com alguns jornalistas presentes na sala, o até agora mais discreto dos advogados de Sócrates não arranjou melhor argumento para justificar os famosos envelopes com dinheiro (que pelos vistos são já são admitidos como verdade pela defesa do antigo primeiro-ministro) que invocar a pouca confiança que o seu cliente possuía nos bancos e no sistema bancário. Convenhamos – não estivesse o cliente deles preso há quase cinco meses numa cela em Évora… – que aí está um argumento de ir às lágrimas. Para uns de riso, para outros certamente de choro…