HOJE NA versão diária e digital do “Expresso”, o seu antigo director Henrique Monteiro tenta fazer uma comparação bem-humorada (como costuma ser o seu timbre) entre o cenário presidencial em que hoje se debate o PS e o de 1986, quando Francisco Salgado Zenha e Mário Soares se enfrentaram no mesmo espaço político. Descontando o facto de – se estou bem recordado… – Monteiro naqueles tempos dificilmente esconder o seu entusiasmo com o MASP e com a candidatura do dr. Soares, gabe-se-lhe o esforço em tentar estabelecer semelhanças entre ambos cenários, mesmo que comparar Salgado Zenha com Sampaio da Nóvoa seja “menorizar” o primeiro – isto sem qualquer desconsideração pessoal pelo ex-reitor, note-se… Mas o que mais me chamou a atenção no texto de Monteiro foi quando ele se refere à expressão “PBX” como sendo a expressão como “os soaristas se referiam jocosamente aqueles que consideravam que o PS não era suficientemente à esquerda” – “o partido verdadeiramente xuxialista“. Engana-se redondamente Henrique Monteiro… Essa expressão vem de muitos anos antes, dos tempo do chamado PREC, quando os que combatiam o gonçalvismo ridicularizavam os constantes apelos do almirante Rosa Coutinho para a formação de “um partido verdadeiramente socialista” que acabasse de vez com os “perigososíssimos” (para o radical marinheiro, é claro…) PS e respectivo líder, então apelidados de “reaccionários” e outros epítetos do género pela “situação”.
Acredito que o Henrique Monteiro não se lembre disso e que a expressão “PBX” apenas a tenha escutado da boca dos “soaristas”, mais tarde, lá para meados dos anos 80. Eu cá, que sou mais novo que ele, dez anos antes já a conhecia. Conhecia e usava para fazer pouco dos que, em pleno PREC, analisavam Portugal pelos olhos, por exemplo, do camarada Enver Hoxha ou outros próceres do género, que queriam ver instaurada em Portugal uma democracia popular. Às vezes a nossa memória tem destes lapsos. Mas no fundo, no fundo, tudo tem uma explicação, não é?