O EDITORIAL da edição de segunda-feira do “The New York Times” não poderia ser mais certeiro quanto à situação brasileira, mostrando uma lucidez e um distanciamento na análise que faz verdadeiramente notáveis e colocando a questão num plano que é o plano onde ela se deve colocar – o da legitimidade democrática. Vale a pena, sem “paixões” ou ideias pré-concebidas ler calma e serenamente estas linhas deste diário norte-americano:
“Dilma não fez – o que é admirável – nenhum esforço para constranger ou influenciar as investigações. Ao contrário, ela tem consistentemente enfatizado que ninguém está acima da lei, e apoiou a renovação da gestão do actual procurador-geral da república, encarregado das investigações sobre a Petrobras, Rodrigo Janot.
Até o momento, as investigações não encontraram nenhuma evidência de ações ilegais de sua parte. E enquanto ela é, sem dúvida, responsável por políticas e erros que produziram problemas econômicos, não há nada que justifique o impeachment. Derrubar Dilma sem evidências concretas de corrupção causaria sérios danos à democracia que vem ganhando força nos últimos 30 anos, sem nenhuma contrapartida. E não há nada que sugira que algum dos líderes políticos que querem lhe tomar o lugar faria melhor do que ela em termos de política econômica”.
E conclui o editorialista:
“Não há dúvida que os brasileiros estão diante de tempos frustrantes e que as coisas podem piorar antes de finalmente melhorarem. A sra. Roussef deverá enfrentar ainda mais problemas e críticas. Mas a solução não deve ser minar as instituições democráticas que, no fundo, são as garantidoras da estabilidade, da credibilidade e de um governo honesto“.