“(…) Tenha, pois, cuidado com o que lhe possa acontecer. Com o povo desesperado e, em grande parte, na miséria corre imensos riscos.“
Mário Soares sobre Pedro Passos Coelho
QUER QUEIRAM quer não, Mário Soares é a principal referência do nosso regime. É indiscutivelmente um dos (senão o principal…) “pais” desta nossa III República – obviamente com todas as responsabilidades que isso implica. Foi um corajoso resistente ao Estado Novo; soube enfrentar na rua e nos bastidores as tentações totalitárias de quem, no pós-25 de Abril, quis subverter a construção da democracia; integrou e afirmou o nosso País no espaço a que sempre pertenceu e ao qual virou costas durante décadas; liderou governos que, embora protagonizando e impondo impopulares e rigorosas mediadas de austeridade, contribuíram decisivamente para uma estabilidade económica que era essencial à consolidação do regime democrático; exerceu uma magistratura enquanto Presidente da República que, concorde-se ou não com o estilo, conferiu ao cargo um peso e uma intervenção que é fundamental na estabilidade das instituições; e, com quase 90 anos, é alguém a quem o País se habituou a escutar e respeitar as suas opiniões e experiência.
Quem me conhece e à minha relação (que tem a minha idade…) com ele, sabe que sou insuspeito para afirmar que Mário Soares é indiscutivelmente o maior estadista português das últimas décadas. Exactamente por isso mesmo, não entendo como é que alguém, com o sentido de Estado que Soares obviamente possui e tendo desempenhado as funções que desempenhou ao longo das últimas quatro décadas (ministro dos Negócios Estrangeiros, primeiro-ministro por duas ou três vezes, conselheiro de Estado, Presidente da República durante dois mandatos, além dos cargos internacionais e prestígio que detém por esse mundo fora) possa escrever o que acabei de ler na sua coluna semanal no “Diário de Notícias” sobre Pedro Passos Coelho e alegados “riscos” que eventualmente o primeiro-ministro possa correr. Especialmente vindo de quem, como Soares, foi insultado, vaiado e até agredido (lembram-se?) por pura e simplesmente protagonizar políticas e posturas que, ainda que impopulares, ele na altura sabia ser imprescindíveis ao País.
Aliás, Portugal deve-lhe esse seu sacrifício e essa sua coragem…
Senilidade meu caro….
A “agressão” a Mário Soares, na Marinha Grande, deu-lhe a vitória. O povo não gosta deste tipo de agressões.
Estará MS a estimular a “agressão”? Não acredito mas que foi infeliz no seu artigo, foi.
Obrigado JPF, de facto é lamentavel o que vários membros do grupo do Lar de Idosos do PS deita cá para fora. As declarações de idoneidade feitas por Almeida Santos, Soares e Sampaio sobre os arguidos em vários processos jurídicos envolvidos, deixam supor que este grupo está de facto senil.
Ouvi de facto estas declarações só que não consigo entender qual o interesse, será as contas estão baralhadas lá para os lados do Rato, afinal querem Seguro ou Costa?
Ou será que Seguro rasga o entendimento com a Troika, faz uma aliança à esquerda não sabem muito bem com quem, e vem o Costa (com a fatiota de Obama português) com o seu ar de não me comprometa e finge que resolve tudo, e sai mais uma vez vitimado…(continua nos próximos capítulos)
Estimado José Paulo Fafe,
Acredite que estou mais vezes em desacordo do que em acordo consigo no que respeita ao seu olhar sobre a política nacional. Mas confesso-lhe que este seu post sobre o dr. Mário Soares é de uma lucidez e clarividência geniais e traduzem o que de facto eu penso sobre suas as desastradas declarações. Aliás, o governo devia ter respondido exactamente nesses termos ao ex-Presidente – de forma elegante, inteligente e determinada.
Cumprimentos,
Pinheiro Torres
A pergunta é, o Dr. Mário Soares, e os que o acompanham, estão do lado do problema ou da solução?
O maior défice de Portugal é falta de memória…
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