A SOFREGUIDÃO como um “certo PS”, com a benção e estímulo da “direita dos negócios” tenta, por cima de toda a folha, apresentar a candidatura presidencial de uma insignificante, insípida e anódina criatura chamada Maria de Belém (suponho que Roseira) mostra bem a existência e a força de uma força oculta na sociedade portuguesa que, embora profana e sem rituais, possui um poder tentacular que se estende da política aos negócios, quase sempre confundido-os, misturando-os e colocando-os ao serviço dos interesses pessoais e de grupos que muitas vezes mais se assemelham a associações de malfeitores que a qualquer outra coisa. Sem percurso ou peso político que assegure ou garanta no mínimo um sofrível desempenho na mais alta magistratura do Estado, Maria de Belém conta no entanto, para essa gente, com uma enorme vantagem sobre nomes de quem, à direita e à esquerda, já de algum modo se posicionou com alguma credibilidade na “corrida” a Belém – por exemplo, Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Santana Lopes, Rui Rio e António Sampaio da Nóvoa: ao contrário destes, é alguém aparentemente manipulável, que não possui pensamento próprio (será mesmo que pensa?!) e que funcionaria como uma autêntica “via verde” no que toca ao “trânsito” dos interessses do “centrão dos negócios” que a todo o custo tenta controlar a cena política nacional.
E António Costa, que não faz parte desse “centrão”, está a ponto de cair na teia que lhe teceram no interior do seu partido, onde curiosamente “socráticos” e “seguristas” se uniram em torno desta insignificante figurinha do xadrez político e assim dar uma mãozinha à estratégia dos seus adversários internos. Com um Sampaio da Nóvoa sem chama, que não “colou”, apesar do apoio de Mário Soares e Jorge Sampaio se apressaram a dar-lhe publicamente, tudo indica que o único caminho que lhe restará será o de dar liberdade de voto na eleição presidencial aos seus militantes, dividindo os votos socialistas entre Nóvoa, Belém e Henrique Neto. E óbvia e objectivamente perder essa eleição para o inevitável candidato da direita que neste momento deve estar refastelado na sua casa da rua Vasco da Gama “a gozar o prato”. A única dúvida é se será à primeira ou à segunda volta. Se me perguntassem hoje, eu apostaria que era à primeira…