COM QUINZE dias de atraso soube do desaparecimento de Jorge Alves da Silva. Quem anda há uns anos nestas coisas da política e de tudo o que a envolve, sabe bem quem foi este homem, tão difícil quanto criativo e tão genial quanto inconstante. Não tenho dúvida em afirmar que o Jorge foi porventura um dos mais talentosos homens da comunicação política no nosso País e não vai ser o facto dele ser às vezes alguém com quem não era fácil lidar que me irá fazer dizer o contrário. Algumas vezes estivemos lado a lado em certas “guerras” políticas, outras vezes optámos por “trincheiras” diferentes. Fui seu amigo, tivemos também as nossas zangas e amuos, mas sempre soube respeitar e admirar um talento que ele inegavelmente possuía e lhe conferia uma diferença muitas vezes pouco ou mal aceite entre a classe política e todos quanto andamos nestas andanças.
A última vez que estive com o Jorge foi há dois ou três anos. Falámos no bar do Ritz durante duas ou três horas. Mais tarde, ele ligou-me uma ou duas vezes para marcar um daqueles almoços que, por uma razão ou outra, nunca têm lugar. Tenho pena. Mas também – verdade seja dita – a imagem que prefiro guardar do Jorge Alves da Silva é a imagem do Jorge empenhado de corpo e alma na “gloriosa” campanha do PSD de 1991 e à qual o seu “dedo” em termos televisivos conferiu uma diferença e uma qualidade que poucas vezes se viu em Portugal. É esse o Jorge de que eu sempre me irei lembrar, é esse o Jorge com quem eu aprendi alguma coisa.
assino por baixo Zé Paulo.