DE UM lado e do outro, a nossa política está cheia de “fontes” – sempre foi assim. Largo do Rato, São Caetano, Largo do Caldas transbordam de gente que se apresta célere a passar algumas informações aos jornalistas, sempre em busca de uma “boa imprensa” que lhe assegure uma carreira política tranquila e sem percalços mediáticos. Isso não é de hoje bem de ontem, é de sempre. Quem anda nestas coisas há uns anos, sabe-o e recorda-se de vários episódios em que muitas vezes alguns políticos de segunda e mesmo de primeira linha sacrificaram os interesses partidários a favor dos seus pessoais……
Um desses casos passou-se há dias, quando um jornal diário – no caso, o “i” – publicou na sua primeira página uma informação acerca de uma sondagem interna do PSD que eu há dias conhecia e sabia ser verdadeira, mas cuja “classificação” era mais que óbvia. Bastava ler o título para perceber a origem e o motivo da “fuga”, que não tinha tido qualquer motivação a nível de estratégia política, mas sim de claro cariz pessoal. Alguém que conhecia o último estudo (e penso que existe sempre gente a mais com acesso a esse tipo de informação…) recebido na São Caetano e que sabu 6 pontos que separavam a coligação de um aparentemente debilitado PS, apressou-se a “passar” os números a alguém das suas relações no meio jornalístico – ainda por cima não escondendo um entusiasmo e uma euforia que os jornais não tardaram em generalizar como se fosse o estado de ânimo de Pedro Passos Coelho e do “estado-maior” laranja.
O que estas presurosas e voluntariosas “fontes” não entendem – coitadas… – é que não pode haver nada mais prejudicial que a divulgação, a um mês e meio das eleições, de uma sondagem com esse resultado. Porquê? Porque tendo em conta os níveis de rejeição que naturalmente Passos Coelho possui ao fim de quatro anos e meio de governo, essa mesma divulgação só provoca o “toca a reunir” do lado contrário, ou melhor, é um chamariz para o chamado “voto útil”. Por outras palavras: por muita desilusão que António Costa e campanha socialista tenham provocado no seu eleitorado natural e no eleitorado mais à esquerda, o “risco” de, no próximo dia 4 de Outubro, Passos ver renovado o seu mandato como primeiro-ministro, provoca um efeito que conduz imediatamente a uma recuperação do PS nas sondagens. E se a isto somarmos a necessidade que os socialistas possuem em chegar ao dia em que a TVI comece a apresentar o seu “tracking” diário no chamado “empate técnico”, penso que está tudo dito…
Outra coisa que essas pressurosas e voluntariosas “fontes” também não entenderam – mas aí o problema já só lhes diz respeito – é que essas “fugas” podem, a curto-prazo, beneficiá-las. Mas muitas vezes, tal o dano que causam, a médio e a longo prazo prejudicam-nas…