NÃO ME lembro de alguma vez ter visto uma sala inteira de cinema ficar sentada no fim de um filme, enquanto passa a ficha técnica (vulgo “bicha”), enunciando os mil e um intervenientes – desde o protagonista ao ajudante de electricista, passando pela equipa de repérage e pelos vários agradecimentos da praxe. Vi hoje. A sala 4 do Cascaishopping, a rebentar pelas costuras e a ficar sentada para lá do fim do filme. Qual filme? O “Gaiola Dourada” (“La cage dorée“, em francês), realizada por Ruben Alves, um cineasta de origem portuguesa e que, durante pouco mais de hora e meia, consegue retratar de forma irrepreensível um certo tipo de emigração portuguesa que marcou Paris. Verdade seja dita que contou com um naipe de actores de primeira linha e que interpretaram fabulosamente os seus papéis: entre outros, uma soberba Rita Blanco, um Joaquim Almeida a confirmar que é de facto um excelente actor, Maria Vieira a fazer o papel da sua vida e uma luso-francesa, Bárbara Cabrita de seu nome, que, ou muito me engano, ainda vai dar muito que falar…