José Paulo Fafe

Um recado a Micael Pereira ou… “vão mas é dar banho ao cão!”

NÃO CONHEÇO (nem do eléctrico, como se diz) o jornalista Micael Pereira. Nunca o vi, se me cruzar com ele na rua não se quem é (já pareço o outro a falar do Manuel Pedro…), não faço a mínima ideia se é novo, velho, baixo, alto, louro ou moreno. Sei – isso sim – que já li alguns textos e reportagens da sua autoria e a impressão que me ficou é de ser alguém objectivo, sério, rígoroso e muito cuidadoso. Perguntei a duas ou três pessoas que o conhecem (pessoal e profissionalmente) e todos, sem excepção, confirmaram essa minha impressão. E hoje, passe o atrevimento e apesar de não o conhecer, não resisto a deixar-lhe aqui um recado: “Micael, andam a gozar consigo!“. Quem, porquê? Eu respondo e sem qualquer hesitação: os responsáveis editoriais do “Expresso”! E querem saber porquê? Leiam o texto assinado esta semana pelo jornalista Micael Pereira sobre o “caso Freeport” no semanário dirigido pelo sr. Henrique Monteiro e que, entre outras coisas de idêntica importância, revela que desde o início as autoridades possuem uma escuta telefónica que refere um alegado pagamento de 500 mil euros a José Sócrates. Leiam, releiam e se tiverem dúvidas quanto à importância do mesmo e à proveniência dessa informação (está referida num dos oito volumes do processo de fuga de informação que o Tribunal Constititucional autorizou o jornalista a consultar, pelo que não me venham dizer que é boato, rumor, parte integrante de uma “campanha negra” ou lá de que côr for…), voltem a ler. E agora pergunto eu? Alguém sério, descomprometido relativamente a poderes e interesses consegue apresentar-me uma razão plausível para que esse texto esteja escondido, repito, escondido na página 22 (!) do semanário “Expresso” e nem uma simples e breve chamada de capa possua?! Ou será que a presença em Roma do poeta Manuel Alegre para apresentar a tradução italiana de um dos seus livros é mais importante? Ou que o dr. Portas vai a Londres “bater um papo” com David Cameron ou ir a Bruxelas rever Durão Barroso é mais importante que a revelação que existe uma escuta telefónica num processo que envolve o actual primeiro-ministro num alegado pagamento de “luvas”? E isto já para não falar da própria “manchete”, acerca de um barco qualquer que o governo dos Açores comprou e no qual foram detectadas uma centena de anomalias… Não é que, como diz alguém, “ande tudo doido”. Não! O que andam é a fazer de nós parvos… E passe a expressão, “vão mas é dar banho ao cão”!

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