O GRANDE problema com que se debate a campanha de Marcelo Rebelo de Sousa é o próprio Marcelo que, muitas vezes é à semelhança de Lucky Luke, chega a ser “mais rápido que a própria sombra”. E que, por outro lado, mistura uma inteligência reconhecida e brilhante com uma desnecessária “esperteza saloia” que incomoda as pessoas que, por muito que lhe achem graça e o admirem, clara e notoriamente dispensam.
Os recentes episódios em que Marcelo evidenciou uma certa “colagem” a um espaço político que não é o seu, estão logicamente a provocar um desconforto e lógica reacção por uma parte visível do seu eleitorado natural e podem vir provocar uma significativa “deserção” na órbita dos seus apoiantes. E não se pense que o facto de não existir outro candidato credível na sua área política no actual cenário o deixa imune a uma significativa fuga de votos por parte desse seu mesmo eleitorado, longe disso. O “ficar em casa”, leia-se a abstenção, que muitos dos seus eleitores já vêm defendendo nas redes sociais perante algumas desnecessárias declarações públicas (caso do inopinado elogio à forma como Jorge Sampaio desempenhou os seus mandatos, por exemplo), pode causar um sério revés a Marcelo e à sua campanha, obrigando-o a uma indesejada e “perigosa” segunda volta onde, nem o seu inegável capital de simpatia angariado ao longo dos anos, pode bastar para ser eleito Presidente da República. Ou seja, resumindo: a candidatura de Marcelo tem um problema chamado “Marcelo” e um adversário que dá pelo nome de “abstenção”. Não é pouco, convenhamos…