José Paulo Fafe

TSF: um slogan sem sentido…

TSF

QUANDO NASCEU há vinte e tal anos, a TSF era sinónimo de informação na hora, de agilidade na notícia, de rádio dinâmica. Hoje, percebi ontem, o “velho” slogan do “tudo o que se passa, passa na TSF” foi chão que deu uvas e aquela que foi a primeira e grande “rádio-notícias” portuguesa deu lugar a uma desenxabida emissora, igual ou pior a tantas outras. Ontem ao fim da tarde, “apanhado” no carro já as urnas tinham fechado em Espanha, tive uma natural curiosidade em saber quais seriam as primeiras projecções das eleições que se realizavam do lado de lá da fronteira. Por hábito, apressei-me a sintonizar no 89.5 da FM e logo após o sinal horário das oito da noite (nove em Espanha…) preparei-me então para saber as projecções dos resultados nas principais cidades e comunidades espanholas.

Mas para meu espanto e após uma brevíssima chamada de segundos no sumário inicial, o alinhamento do noticiário da TSF apenas dedicou alguma atenção às eleições espanholas já lá iam mais de 14 minutos. Isso mesmo, 14 minutos, quase um quarto de hora! Sim, porque antes, existiam assuntos muito mais importantes que as eleições que finalmente podiam acabar com o bipartidarismo aqui ao lado, que podiam “formalizar” o surgimento dos tais “Podemos” e “Ciudadanos”, que podiam marcar o virar do avesso do actual establishment político do país vizinho … Quais? Eu conto… Primeiro foi a longuíssima reportagem em Tondela, onde o clube local tinha acabado de confirmar a subida à primeira divisão do nosso futebol;  uns quantos minutos depois, logo a seguir a escutar um treinador feliz, um presidente em júbilo e um ou dois adeptos eufóricos, foi a vez do noticiário virar-se para Marvila, onde a correspondente do “Diário de Noticias” madeirense em Lisboa nos relatou ofegante a invasão de campo pacífica com que 70 ou 80 adeptos do União da Madeira tinham também festejado a promoção do seu clube ao escalão principal do futebol nacional; a seguir, uma interessantíssima reportagem sobre uma não menos certamente interessantíssima reunião preparatória de debate de um projecto de programa de governo do Partido Socialista; e como se não chegasse, ainda houve tempo para ir até Bragança onde se comemorava o “Dia do Bombeiro”, um evento de uma importância sem par…  Chegávamos pois às oito e um quarto da noite, tempo para finalmente a TSF dedicar alguma atenção às eleições do lado da fronteira. E quando eu logicamente esperava alguns resultados, umas quantas projecções e até – porque não? – o comentário de alguém mais entendido no assunto, do lado de lá apressaram-se  a despachar o assunto em duas penadas, limitando-se a  ler um qualquer take de alguma agência noticiosa, nitidamente colocado em linha às quatro ou cinco da tarde, onde se previam taxas de abstenção e coisas do género. Rigorosamente mais nada – daí ao indicativo de fecho do noticiário foi um ápice…

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