José Paulo Fafe

A propósito da licenciatura de Miguel Relvas

LONGE DE Lisboa, tenho seguido com alguma atenção o “folhetim” referente à licenciatura de Miguel Relvas e a polémica que tem gerado nos media e nas chamadas redes sociais. Independentemente de já há muito ter percebido que Relvas é “o alvo” escolhido por vários sectores (e não estou a referir-me apenas à política…) para abater no governo de Passos Coelho, concordo que a situação não é de todo agradável para quem é, em termos de articulação política, o ministro mais importante e influente deste governo. Há meses a fio sob os holofotes, a ser vítima de um desgaste sucessiva e de uma barrage contínua e que obviamente tem como objectivo criar uma situação insustentável e levá-lo a abandonar  executivo, Relvas tem mostrado uma capacidade de resistência que – goste-se ou não da pessoa em causa – é verdadeiramente notável.
Se me perguntassem se eu preferia que Relvas tivesse feito o curso sem ter recorrido a um instrumento que, ainda que legal, pode ser questionável, eu não tenho dúvidas em responder que sim, que preferia a primeira hipótese. Mas também sou daqueles a quem pouco ou nada interessa se o ministro “X”, o secretário de Estado “Y” ou mesmo primeiro-ministro “Z” é licenciado ou não, doutorado, mestre ou professor catedrático. É-me rigorosamente indiferente, estou – como se diz – “nas tintas”. Não é um “canudo” que fará melhores ou piores, mais ou menos competentes quem nos governa. O que me interessa é que sejam competentes, sérios, bem intencionados e gente em que eu possa confiar. E até agora, digam o que disserem , insinuem o que insinuem, a verdade é que nunca vi uma acusação com pés e cabeça feita a Relvas e que possa pôr em causa a sua competência, seriedade ou boa-intenção. Vi – isso sim… – muita e estranha confluência de interesses em derrubar um ministro que tem sob sua tutela “dossiers” cuja resolução pode vir a incomodar muita gente. Não servindo obviamente de desculpa, é algo que tem obviamente de ter-se em conta. Ou não?

7 ComentáriosDeixe um comentário

  • Meu caro

    Desde os tempo do “Tal & Qual” que sou um leitor atento à sua escrita e a qual, leio com muito prazer!

    Mas permita-me, não acha no mínimo duvidoso o curso do Dr. Relvas?… e logo com um dos professores o Dr. Barreiras Duarte que agora é seu Secretário de Estado? Então num governo, e ainda bem, tão exigente com a educação logo ao nível do 4º ano, o Ministro Crato poderá concordar com tal atitude?

    Em minha opinião, ninguém de bom senso poderá achar ético, legal é outra história, mas ético para quem, e para um governo que tanto “apregoa a moral”, não posso acreditar que achem “ético”!

    Esta coisa da “ética” tem muito que se lhe diga, vejamos: Duarte Lima, Isaltino Morais; Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Arlindo Cunha, Fátima Felgueiras, Macário Correia e tantos e tantos outros, mas só daqui, quantos cavaquistas?…

    Um abraço

  • Sr. Luís Silva,
    Antes de mais, obrigado pelo seu comentário.
    E agradeço-lhe também a informação (que ainda não dispunha, talvez fruto de estar longe de Portugal e ter necessariamente de “filtrar” as notícias que leio) que o sr. Barreiras foi um dos professores de Miguel Relvas. Sinceramente, o facto dele hoje ser secretário de Estado e tutelado por Relvas não é para mim um facto relevante em todo este “folhetim” – quem é que iria adivinhar há uns anos que isso iria ocorrer? O que me deixa de boca aberta é o facto da Univ. Lusófona ter nos seus quadros docentes essa verdadeira “luminária”…
    Melhores cumprimentos,
    José Paulo Fafe

  • Caro ZP
    Nem sabes a inveja saudável que tenho tua de estares “longe”….
    Eu tenho estado calado porque tudo isto me magoa….por muitos lados.
    O que dizes é verdade e eu estou totalmente de acordo.Não interessa nada se os políticos têm “canudos”. O que interessa é serem competentes.
    Por isso mesmo me choca que Relvas, precisamente ele, se tenha deixado levar pelo provincianismo, novo rico e saloio de pensar que necessitava um Diploma. Para quê? Essa é a pergunta.
    Ricardo Costa há anos que diz ao mundo que não tem Licenciatura nenhuma e é quem é.
    O problema do Ministro foi esse.
    O outro problema foi a Lusófona, instituição onde fiz o meu curso de Sociologia e que tem belíssimos professores, (Garanto-te que não foi fácil. Estudei muito.)ter ido nessa conversa do Curriculum.
    A partir de agora vai receber muitos mais e se se negar a fazer o mesmo, bom, podes imaginar o que vai ser se rios de tinta….
    Um abraço e continuação de boa estadia.

  • Meu caro Paulo Fafe

    Peço desculpa, penso que o induzi em erro, não quis dizer que todos esses “luminárias” sejam professores na Lusófona, apenas pretendia evidenciar a “ética” ou a falta dela, de alguns políticos, neste caso, do grupo que citei.

    As minhas desculpas, procurarei sempre que comentar, escrever de forma a não deixar dúvidas ou interpretações erradas.

    Cumprimentos

    Luís Silva

  • Ligo tanto a esta polémica que só agora soube que o Nanito é professor universitário.O Nanito? O Feliciano? Já não há nenhuma instituição a salvo! Ditosa Pátria que tais filhos tem! Fujam , emigrem depressa!

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