DESDE HÁ pelo menos três anos que faz parte dos planos Paulo Portas candidatar-se à Presidência da República em 2016. Quem minimamente lhe conhece as manhas, sabe bem que toda a sua estratégia obedecia a esse objectivo e tinha em mente corporizar uma candidatura que, embora condenada ao insucesso, lhe permitiria afirmar um peso eleitoral superior ao do seu próprio partido e “marcar” uma posição para futuras eleições presidenciais como o candidato da direita – em 2021, por exemplo.
Mas depois do caricato e penoso episódio que Portas protagonizou em pleno Verão e que quase provocou o fim da coligação governamental, seria de esperar que o actual vice-primeiro ministro tivesse o mínimo de bom senso e cumprisse um natural “período de nojo”, ou seja, que afastasse do seu horizonte essa hipotética candidatura e se remetesse a algum recato em termos de ânsia de protagonismo político. Mas não, decididamente a Portas sobra-lhe em descaramento o que lhe falta em vergonha e vai daí, em vésperas de um congresso do seu partido onde certamente fará mais uma das suas habituais rábulas para justificar o injustificável (no caso a “demissão irrevogável” que afinal não foi nem “demissão”, nem “irrevogável”) , fez avançar dois dos principais dirigentes do seu partido – Pires de Lima e João Almeida – a admitirem publicamente a sua candidatura a Belém. Para quê? Para tentar desviar as atenções das justificações que se comprometeu a dar aos congressistas sobre o triste episódio que protagonizou no Verão; para testar o apoio que uma hipotética candidatura poderia colher na direita, onde alguns sectores ainda não “engoliram” esse mesmo episódio; e finalmente para “picar” tanto Marcelo Rebelo de Sousa como Pedro Santana Lopes, os dois mais fortes candidatos a protagonizar uma candidatura oficial do PSD à Presidência da República em 2016 e com quem, por razões diferentes, tem contas a ajustar. É Paulo Portas no seu melhor. Ou melhor: no seu pior!