MORREU HÁ dois dias em Luanda uma das mais notáveis figuras do “velho” MPLA, alguém que soube sempre nos momentos mais críticos das sempre conturbadas relações luso-angolanas colocar uma importante dose de bom senso e racionalidade. Chamava-se Paulo Jorge, foi ministro das Relações Exteriores no período pós-independência e desde há uns anos, de forma discreta, dirigia o Departamento de Relações Externas do restricto Secretariado do Bureau Político do MPLA, sendo igualmente o principal conselheiro de José Eduardo dos Santos em matéria de política internacional.
Dono de um sentido de humor deliciosamente inteligente e irónico, Portugal deve muito a este angolano de sangue português. Em Novembro do ano passado, em Luanda, tive a oportunidade de ser recebido por ele no seu gabinete da Av. Ho Chi Min por duas vezes e, ao recordar certos episódios dos anos 70 (nomeadamente a controversa intervenção cubana em Angola), tive oportunidade de compreender a importância que desempenhou naqueles anos e o papel que desempenhou enquanto “travão” naqueles conturbados anos junto de alguns dos seus mais intempestivos camaradas…