PORTUGAL DEVE-LHE muito mais do que alguma vez ele reclamou. Há trinta e quatro anos, a 25 de Novembro, um até então desconhecido António Ramalho Eanes teve a coragem e a decisão de pôr em prática um plano militar que, de forma eficaz, estabilizou o processo de democratização iniciado em Abril de 1974 e até então sujeito aos desvarios de uma classe política e militar mais talhada para o “folclore” e pouco imune às tentações totalitárias de quem teimava colocar o nosso País num rumo que levaria, mais tarde ou mais cedo, à inevitável guerra civil. Ramalho Eanes é sinónimo de estabilidade, de seriedade, de apego aos valores da democracia e, fundamentalmente, de uma coerência pouco vulgar na política portuguesa – é alguém que soube, ao longo de mais de três décadas, ser uma das poucas referências morais que restam na sociedade portuguesa.