José Paulo Fafe

O "Silva do PAN" ou 86+19+2+1=108

AR

DESDE O início das negociações que conduziram à formação deste governo, a generalidade dos observadores vaticinaram a dificuldade que António Costa poderia encontrar em fazer aprovar na Assembleia da República matérias mais “sensíveis”, ou seja as que levantassem naturais dúvidas e resistências junto dos comunistas. Essa situação levou a que muitos não augurassem uma “longa vida” a este governo, dada a pereclitante maioria parlamentar de apoio em que assentava.

Porém, a fórmula para ultrapassar essas situações mais complicadas tinha entretanto já sido encontrada, garantindo aos comunistas uma “margem de manobra” suficiente para poder não votar ao lado do governo, sem correr o risco de contribuir para qualquer derrota parlamentar. Como? Através (necessária) abstenção dos 15 deputados do PCP e por fazer “alinhar” o solitário deputado do PAN ao lado dos 86 do PS, 15 do Bloco e 2 dos “Verdes”, de forma ao governo assegurar a maioria na Assembleia da República em “dossiers” em que os comunistas não podem objectivamente, por uma chamada “questão de face”, votar a favor. Se fizermos as contas, a soma destes deputados, é de 108 votos, precisamente mais um que a soma dos parlamentares do PSD e CDS, que perfazem 107. Por outras palavras, o voto do “Silva do PAN” torna-se assim, graças a esta aritmética,  fundamental para o governo de Costa…

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