José Paulo Fafe

A vitória de Álvaro Uribe

O DIA DE hoje será certamente um dos dias mais felizes para o presidente colombiano Álvaro Uribe, que contrariando todos os prognósticos e fazendo “ouvidos de mercador” às contínuas recomendações dos serviços de inteligência norte-americanos e franceses, deu “luz verde” a uma astuta e eficaz operação militar que conseguiu a libertação de 15 reféns em poder das FARC, nomeadamente da senadora e ex-candidata presidencial de origem francesa Ingrid Betancourt, há mais de seis anos em poder da guerrilha colombiana, bem como de um soldado norte-americano de ascendência portuguesa, Marc Gonçalves de seu nome.
Por um lado poderá ter desferido um golpe mortal na estrutura da FARC, bastante debilitada após a morte de dois dos seus principais dirigentes e de um público e recente pedido do polémico presidente venezuelano Hugo Chávez para que depusessem incondicionalmente as armas, mas por outro lado conseguiu fazer valer a sua tese de envolvimento militar, num momento em que todas as negociações levadas a cabo por NIcolas Sarkozy (que até uma mensagem televisiva protagonizou), Igreja Católica e Chávez conduziram a nada: “Fui eleito para dar segurança aos colombianos. Se um dia a guerrilha quiser conversar, estou pronto. Por enquanto, o que faço é combatê-la até derrotá-la”, afirmou Uribe, em Junho de 2003, à revista brasileira “Veja”. Recorde-se que esta intrasigência do presidente colombiano era justificada (e criticada) por muitos com o facto de, nos princípio dos anos 80, as FARC terem sido responsáveis pelo assassinato do seu pai, Alberto Uribe, curiosamente por muitos apontado como tendo fortes ligações ao “cartel de Medellin”, então dirigido pelo célebre Pablo Escobar.
(Foto: elcolombiano.com)

3 ComentáriosDeixe um comentário

  • É preciso recordar que o pai de Uribe chegou a estar preso e a ponto de ser extraditado para os Estados Unidos para ser julgado como narcotraficante e só a intervenção do filho (então alcaide de Medellín) conseguiu evitá-lo.

  • Concordo integralmente com a opinião expressa relativamente ao Presidente da Colombia, pelo qual tenho igual admiração. Interessante é verificar a reacção de Hugo Chavez a esta vitória do se arqui-inimigo Uribe, fazendo uma estratégica colagem, qual vendedor de banha da cobra, no sentido de poder partilhar umas miseráveis migalhas deste êxito de um homem que não vergou às habituais “manhosas” pressões internacionais.

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