DE FACTO vivemos num país, no mínimo, surrealista – já para não dizer outra coisa… Ligo a televisão pela manhã e sou surpreendido por uma “entrevista” feita em estúdio e em directo por uma apresentadora exibindo um omnipresente aparelho de correcção dentária ao director da sua rádio a propósito de uma inenarrável iniciativa que visa (ou visava) pôr Portugal inteiro a sorrir à mesma hora… Sem pôr em causa a bondade desse propósito, que segundo o tal director radiofónico visava, entre outras coisas, “estreitar cumplicidades“, o que achei verdadeiramente extraordinário foi, por um lado o envergonhado sorrisinho “metálico” da entrevistadora; e por outro, o ar circunspecto e a “cara de pau” do seráfico director dissertando sobre a importância de estarmos todas a sorrir uns para os outros nãoseiaque horas. Pela minha parte e embora a minha vontade fosse chorar perante tanta imbecilidade, dei por mim a rir à gargalhada a escutar atentamente a seráfica e directoral personagem a dizer aquelas banalidades que a rádio ainda consegue atenuar mas que a televisão não disfarça…