José Paulo Fafe

Mais do mesmo…

POR ESTAR longe não vi nem ouvi a anunciada e no mínimo insólita declaração ao País do “número três” do governo. Li, isso sim, alguns parágrafos sobre a mesma e tive o cuidado de saber o que pessoas cuja opinião para mim conta acharam de mais este “número” de Paulo Portas. E a conclusão a que cheguei não foge um milímetro do que seria de esperar vindo que veio. Portas é quem é e, como recorda e bem João Gonçalves no seu blog http://portugaldospequeninos.blogs.sapo.pt, o CDS é um partido que “tem feito o papel de ‘charneira’ profissional“. Eu iria mesmo mais longe, na linha desse raciocínio : tirando as lideranças de Francisco Lucas Pires e Adriano Moreira, o CDS foi sempre um partido de perfil e prática oportunistas, estando quando lhe convém, virando as costas quando as coisas começam a dar para o torto. Foi assim com Freitas do Amaral quando trocou Mário Soares por Sá Carneiro num virar de olhos; quando deixou Francisco Balsemão ser sacrificado numa AD órfã e moribunda; ou quando anos mais tarde admitiu publicamente “casar” ou com o PS ou com o PSD – dependia então claramente do “dote”… E com Portas, a sucessão de traições, golpes de rins e jogadas de um lamentável oportunismo político foram (e são!) um verdadeiro verseteavias: desde o virar de costas a Marcelo Rebelo de Sousa na reedição da AD ao comportamento mais do que duvidoso nos governos de Durão Barroso e especialmente no de Pedro Santana Lopes, passando pelos namoros mais ou menos frustrados com os socialistas ao tempo de António Guterres e José Sócrates – e isto já para não falar dos episódios internos que conduziram à marginalização de Manuel Monteiro e outros – tivemos um pouco de tudo.
E curiosamente este descarado e pouco sério “o que hoje é verdade, amanhã é mentira” fez escola entre os sequazes de Portas. Veja-se por exemplo, os casos das próximas autárquicas em Gaia e Cascais… No primeiro dos casos, após acumularem cargos, avenças e benesses ao longo dos três mandatos de Luís Filipe Menezes, o CDS “descobriu” que a gestão do presidente que lhes tinha dado colo e conforto durante doze anos tinha sido “gastadora”; no segundo, o vereador centrista que integra a coligação que governa Cascais também há três mandatos acha que dar a cara nos cartazes de um movimento independente adversário é perfeitamente compatível com o cargo que exerce – especialmente com os pelouros que ocupa e lhe garantem a remuneração mensal que não teria se, como mandam as regras da ética e seriedade políticas, a eles tivesse logicamente renunciado. Feitios, como diria alguém…

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