HÁ UNS atrás, pé ante pé, não disfarçando uma enorme vaidade e debitando uma série de lugares comuns próprios de quem possui alguma dificuldade em pensar pela sua própria cabeça, o actual presidente da Câmara do Porto surgiu na nossa cena política como se algo de “novo” se tratasse. Desde o palácio da Bolsa, pressurosamente rodeado de uma corte prestável e solícita, encabeçada por essa pluma fácil e ligeira que da pelo nome de dr.Veiga, Rui Moreira enchia o peito e apresentava-se ufano como o paradigma de uma tal “nova política”, jurando encarar o seu exercício como algo diferente – sem demagogias ou populismos, estimulando e premiando a meritocracia e jurando que, desde o ambicionado poder, daria exemplos diários de um novo estilo e forma de governar. A verdade é que o discurso “colou” e os portuenses entregaram-lhe a condução da Invicta, trocando assim Moreira a Ferreira Borges pelos Aliados e o cargo quase “vitalício” de presidente de Associação Comercial do Porto e do seu “universo empresarial” (vamos chamar-lhe assim…) pelo escrutinado lugar de autarca-mor da segunda maior cidade do País onde muitas vezes não bastam apregoadas boas intenções e juras de uma castidade perene e “à prova de bala” para ser assim de facto tão diferente…
A prova de que Moreira é igual ou pior aos piores que ele tanto criticava chegou-nos ontem através do “Correio da Manhã”. Ocupando toda a largura da primeira página daquele jornal, o filho de Moreira posa sorridente numa cama de hospital de mãos dadas com a sua mãe e anunciando assim ao mundo ter-lhe sido transplantado um rim. Para quem ainda podia acreditar no tal “novo estilo” de quem quer protagonizar uma “nova política”, está tudo dito… Ainda para mais quando, nas páginas 4 e 5 da mesma edição do “Correio da Manhã”, onde o assunto é escalpelizado ao milímetro e em que são publicadas declarações via Facebook (é assim uma nova espécie de off consentido que está muito em voga…) do filho do autarca, Moreira e seu rebento surgem recusando-se a prestar declarações “sobre a sua vida pessoal”. E se fossem (os dois, já agora…) dar banho ao cão?!
Louvo-lhe a coragem de ser o único jornalista (que desse por isso) que escreve “alto e bom som” que o rei vai nu.