RARO É o dia em que Cavaco Silva não dá sinais de uma mais que certa recandidatura a Belém, tentando a todo o custo reforçar a velha imagem da “magistratura de influência”. O actual chefe de Estado e os seus estrategas já entenderam que o seu posicionamento enquanto “factor de consenso” e pretenso artífice de um entendimento tácito entre PS e PSD poderá render-lhe o alargamento da sua base de apoio, bastante enfraquecida após, nos últimos meses, ter sido atingido pelos “estilhaços” no famigerados “casos” BPN e das “escutas”. Algo que certamente não desagradará a José Sócrates que – por muitas e públicas “declarações de amor eterno” que possa vir a fazer a Manuel Alegre – prefere ver Cavaco continuar como inquilino no palácio de Belém que ter de lidar com o seu companheiro de partido.