José Paulo Fafe

Cesare Zacchi, o homem que "salvou" a Igreja em Cuba

CESAR ZACCHI

NUMA ALTURA em que tanto se fala nas relações entre o regime cubano e a Igreja Católica, veio-me à memória a figura de alguém que tive a oportunidade de conhecer e que foi uma peça essencial nas relações entre o Vaticano e Cuba. Falo do monsenhor Cesare Zacchi (na foto, à direita de Fidel Castro), um jesuíta que o Papa Paulo VI escolheu para ser núncio apostólico em Havana e que por lá se manteve durante mais de 15 anos, gerindo com “pinças” um diálogo aparentemente nada fácil entre as praças de S. Pedro e de la Revolucion, em parte graças à relação pessoal que conseguiu estabelecer com um antigo aluno dos Jesuítas – nada mais nada menos que o próprio Fidel Castro, visita assídua do edifício da Nunciatura na calle 12 e dos pequenos almoços para que monsenhor Zacchi o convidava.

A nomeação como núncio apostólico deste toscano nascido em 1914 na aldeia de Ortignano Raggiolo deu-se em 1962, quando Zacchi já desempenhava as funções de “número dois” na representação diplomática do Vaticano em Havana e quando os conflitos entre o regime e a Igreja Católica conheciam novos e traumáticos episódios todos os dias. Num gesto que não caiu muito bem junto da ala mais ortodoxa dos católicos cubanos, o Papa Paulo VI decidiu “sacrificar” o então núncio Luigi Centoz, mandando-o regressar a Roma. Para o seu lugar, em vez de deslocar alguém, optou por promover Zacchi, uma promoção a que não foi alheio certamente o facto de ser jesuíta (na sua juventude, Fidel estudou no Colegio de Belén durante cerca de 12 anos…) e a capacidade de diálogo mostrada durante os dois anos que já levava em Cuba.

O estilo de Zacchi rapidamente “colheu” junto do regime cubano. Mais tolerante, menos sectário, procurando encontrar “pontes”, o novo núncio fez um esforço por promover o diálogo e encontrar o “patamar de entendimento” que lhe permitisse cumprir as diretrizes que recebera do Vaticano: reduzir ao mínimo as “arestas” entre Havana e o Vaticano e simultaneamente “poupar” a Igreja em Cuba a mais conflitos, promovendo e estimulando o afastamento dos sacerdotes cubanos da primeira linha da constestação ao regime de Castro. Um estilo que, se por um lado agradou ao governo cubano, por outro gerou alguma desconfiança entre os sectores mais conservadores da sociedade cubana, que não se coibiram de criticar em surdina o aparente “conluio” entre Zacchi e o regime castrista, como por exemplo, quando surgiu nas páginas da revista “Bohemia”, numa pose de uma certa “liturgia revolucionária” de machete na mão e a cortar cana de açúcar…

Mas a verdade é que, mesmo durante os anos mais duros do regime e quando tudo indicava que a repressão sobre a Igreja iria-se acentuar, esta sobreviveu – em grande parte devido ao desempenho low profile que o núncio impôs ao clero cubano. No fundo, Zacchi pacificou as relações entre a Santa Sé e Cuba, mantendo-as num “banho maria” que permitiu a existência de um diálogo que já permitiu duas visitas papais (João Paulo II e Bento XVI) e agora a iminência de uma terceira, esta do Papa Francisco, o pontífice que, a crer no que todos ouvimos ontem, vai ser responsável pelo regresso à missa e á oração de Raul Castro

Na segunda metade da década de 70, após mais de 15 anos de funções na Nunciatura em Havana, o Vaticano mandou Cesare Zacchi regressar a Roma. E que maior reconhecimento poderia então Zacchi receber pelo seu desempenho na capital cubana, senão ir ocupar a presidência da Pontifícia Academia Eclesiástica – a “escola” que desde o início do século XVIII, forma os diplomatas da Santa Sé, cargo esse onde se manteve até 1985?

1 comentárioDeixe um comentário

  • Amigo ZPF
    Tinha lido algo sobre Zacchi faz pouco tempo.
    Tenho muitos amigos cubanos e até família que fugiu para Madrid depois da Revolução.
    Outros que ainda lá vivem,como o escritor e poeta e meu querido amigo Nelson Simón,que neste momento está em Miami a promover um livro novo.(mas vive em Cuba)
    Acompanho sempre a situação na Ilha.Tenho-lhes muito carinho.
    A quem nunca tive carinho algum é a uma certa gentalha que começa a incomodar a sociedade portuguesa.Como diz o outro,”é que já chega,fogo”.
    Lê-me lá isto.
    Pêga (que significa puta,como todos sabemos), feia, gorda, invejosa, nojenta, salazarenta, cretina e complexada!!!
    Todos estes amorosos adjectivos foram dirigidos a Joana Marques Vidal que substituiu Pinto Monteiro na PGR.
    Quem foi a pessoa que os proferiu? A ex-mulher de Sócrates,uma tal de Fava.
    Todos sabemos que Pinto Monteiro,com Noronha e “a” Almeida, safou ALEGADAMENTE Sócrates de várias e gravíssimas situações e que assim que essa gente foi “à sua vida” ,foi preso.
    Coincidências.
    Mas que a ex-mulher,que parece que ia muito a Paris levar fotocópias ao ex-marido,insulte desta maneira a PGR é digno de estupefacção….
    Monteiro até tinha almoçado com o seu grande amigo dias antes de ser preso,que chatice.
    Uma coisa engraçada é isso de “salazarenta”….
    Uma gaja que esteve casada e é tão amiga dum tipo que foi o mais ditador e corrosivo líder português desde o 25 de Abril.que ameaçava todos os que o enfrentavam,que telefonava a Jornalistas a ameaçar se publicassem algo sobre a vida escura dele,que deu ordens para não se venderem certos Jornais nos Ministérios e Empresas públicas pois tinham dito verdades sobre ele e que usou mal e porcamente o poder para ALEGADAMENTE enriquecer,venha chamar a uma Senhora que finalmente repôs a idoneidade numa instituição usada e abusada por gente do pior,salazarenta,tem a sua piada.
    Feia e gorda tem a sua ironia vindo da Fava. Invejosa,nojenta e complexada,idem.
    Cretina nem se fala.
    Realmente e como dizia um grande amigo que já não está entre nós,o grande Jean Laffront:
    QUE FAMÍLIA!!!!

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