José Paulo Fafe

A tropa fandanga…

ANDA PARA aí uma tropa fandanga que, por ignorância ou má-fé, gosta de confundir as coisas. Então agora com as redes sociais é um vê se te avias, especialmente quando toca a malhar neste governo – coisa aliás para o qual sobram razões, diga-se de passagem. Mas uma coisa é atacar ou criticar de forma inteligente, outra é usar as armas da demagogia mais bacoca e medíocre para, em cima da natural revolta de quem se sente vítima de uma política de austeridade, inventar, mentir e caluniar. Na minha rede de “amigos” virtuais no Facebook tenho quatro ou cinco “cromos” que mais não fazem que, a propósito e despropósito, malhar forte e feio em tudo o que lhes cheira a governo, sem antes cuidar em saberem se é verdade o que ouviram. Não, nem pensar, preferem correr céleres a comentar e de preferência com os adjectivos propriamente pouco ou nada têm a ver com as personagens e factos que pretendem classificar. Eu chamo-lhes “os profissionais do Facebook” e há um ou outro que conheço de gema – que hoje chamam “fascista” a Passos Coelho ou “corrupto” a um qualquer ministro que protagonize uma medida mais impopular, mas a quem, em outros campeonatos, já os vi a insinuarem-se a um lugarzito lá na direcção-geral ou a pedirem mesmo para serem promovidos a secretários de estado e a jurarem fidelidade a cores partidárias que não as suas. Mas enfim, o que lá vai, lá vai… 
Vem isto a propósito de um documentário sobre Portugal que vi há dois ou três dias no canal brasileiro “Globo News” a propósito dos 40 anos do 25 de Abril. Não fosse eu português, não soubesse eu o que se passa no meu País, acreditem que hoje pensaria que Portugal vivia numa ditadura, onde os ministros roubavam à tripa-forra e em que os portugueses não tinham acesso à saúde, à educação ou ao quer que fosse. Acreditem que é difícil escutar tanta baboseira como aquela que ouvi ao longo do programa em causa… Ao longo de 30 ou 40 minutos, desfilaram frente às câmeras da Globo uma catrefada de gente (até um inenarrável Jel, alcandorado a analista político, imagine-se!)  que só faltou jurar a pés-juntos que o prof. Salazar tinha ressuscitado e, juntamente com a D. Maria, tinha voltado a construir o galinheiro em S. Bento e a deixar-se fotografar por um também ressuscitado Rosa Casaco contemplando o mar no forte de S. João do Estoril. Honra seja feita a Miguel Sousa Tavares, personagem por quem não morro particularmente de amores, que  explicou com uma clareza notável aos telespectadores brasileiros o que se tinha passado ao longo destes 40 anos em Portugal e que, contrariamente ao que uns imbecis tinham asseverado antes dele,  não era “um país de corruptos”. Dizia (e bem) Sousa Tavares: “As pessoas chamam corrupção a tudo o que corre mal. Eu acho que Portugal não é um país corrupto de maneira nenhuma. (…) Tentem corromper um polícia na rua e vão ver o que lhes acontece…“. Na mouche!

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