NUNCA NA minha vida vi Margarida Rebelo Pinto. Nem mais gorda, nem mais magra – o que pelas imagens que me foram dadas ver da senhora em causa me parece ser difícil. Li-lhe duas ou três crónicas no “Sol” e um livro – “Português Suave“, pode ser? Acho que mais nada, o que me faz ter da sua escrita uma opinião pouco ou nada formada, mas suficiente para que a considere “legível”, chamemos-lhe assim. Vou mais longe: há por aí muito boa gente a escrever, protegida pelos dos costume – os que dominam a chamada “crítica literária” e que abominam tudo o que cheire a rebelospintos – que eu já li (ou tentei…) com bastante menos interesse e gosto que à dita cuja.
Vem tudo isto a propósito de umas declarações que, numa ida à televisão, a mesma resolveu fazer há uns dias sobre a situação política e que enxamearam as redes sociais nos últimos dias, quase sempre ridicularizando-a ou mesmo insultando-a. Tanto foi a overdose que, ao fim de uns dias, não resisti e assisti a parte (só a parte!) da ida de Rebelo Pinto à RTP. E percebi claramente que ali lhe faltou o jeito e a facilidade que lhe sobrou para escrever até agora dezanove livros… É que no fundo, no fundo, ela limitou-se a dizer o que a generalidade das pessoas pensam e que, de uma maneira ou outra, todos concordam: que a responsabilidade da crise que vivemos é dos governos de há vinte anos a esta parte e que andámos anos a fio a viver acima das nossas possibilidades, o que nos obriga agora a apertar o cinto. O problema foi a forma como ela o disse e os exemplos que deu. E também o tom, a voz, as expressões (infelizes) que usou. Mas isso (o que é que querem?) são as dela. As da mesma Margarida Rebelo Pinto a quem os portugueses que agora desataram a zurzir-lhe a torto e a direito nos facebooks da vida já compraram um milhão (!) de livros. Eu, pela parte que me toca, só comprei um…
PS – Já agora: concordo com ela na defesa das taxas moderadoras. Não sinto é “repulsa” por quem se manifesta. Posso não concordar, agora “repulsa”?! Era só o que faltava…